Resumo: Artigo 35793
Tecnologias sociais, inovação e desenvolvimento (3,13,40,93,116,117)
Maíra Baumgarten, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brazil.
Apresentação: Friday, May 30, 2008 3:45PM - 5:45PM sala 202 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 28 - Chair: Luiz Soares
Abstract.
O objetivo deste paper é debater a inovação social no contexto de uma visão geral sobre as atuais formas de produzir ciência e tecnologia, considerando o papel das redes de produção de conhecimentos, para a inclusão social e o desenvolvimento com sustentabilidade. Especificamente serão abordadas as tecnologias sociais, como expressão de novas formas de produzir conhecimentos e discutidas suas possibilidades em termos de contribuição para resolver problemas e necessidades das coletividades. O debate sobre sustentabilidade e suas relações com a produção de conhecimentos vem se impondo como central na sociedade planetária, notadamente em países da semi-periferia mundial como o Brasil, que se caracterizam por altos níveis de exclusão econômica e social. Esse debate remete à relação entre produção de ciência, tecnologia, inovação e necessidades sociais e à importância crescente da apropriação, por parte de diferentes atores sociais de conhecimento científico que possa ser incorporado em tecnologias sociais, gerando inovação social. O modelo da cadeia linear da inovação tecnológica convencional supõe que à pesquisa científica, segue-se a pesquisa tecnológica e que a tecnologia traz o desenvolvimento econômico e depois o desenvolvimento social. Os pressupostos envolvidos são a busca incessante da verdade (pela ciência) e uma evolução linear e inexorável da tecnologia em busca da eficiência. Essa perspectiva relaciona o avanço ou atraso das sociedades ao nível de sofisticação tecnológica que possuem. Entretanto as tecnologias são construídas socialmente. Grupos de consumidores, interesses políticos, econômicos, entre outros, influenciam o conteúdo da tecnologia e sua forma final (Rutkowski, 2005). As tecnologias, como formas de conhecimentos e produtos humanos, refletem os valores e as contradições das sociedades que as engendram. No modelo liberal de interpretação da realidade (supremacia do homem sobre a natureza, desigualdade econômica e social necessária e benéfica) os conceitos de inovação e tecnologia estão diretamente relacionados ao mercado, às leis da oferta e demanda, pressupõem capacidade de compra e são vistos como recursos de competitividade (tecnologias convencionais e tecnociência). As tecnologias convencionais têm, de forma geral, em sua raiz, necessidades e demandas empresariais e das camadas ricas ou influentes da população. Seus problemas estão vinculados à sua própria natureza e não apenas aos usos que dela se fazem. Desde outra perspectiva é possível relacionar os conceitos de tecnologia e de inovação com a idéia de necessidades buscando suas potencialidades para a inclusão social. Um elemento chave para a sustentabilidade econômica e social do país parece repousar na articulação entre produção de conhecimento, seu locus privilegiado a universidade e a inovação social. As redes que envolvem pesquisadores e demais atores relacionados à produção de conhecimento podem ajudar no aprofundamento das relações entre coletividade científica e sociedade no Brasil, possibilitando o desenvolvimento de tecnologias sociais e de inovação social. O conceito de tecnologias sociais envolve a idéia de intervenção da ciência e tecnologia no sentido de resolver problemas sociais, a partir da expressão de necessidades, carências sociais e potencialidades locais, contando com o concurso das coletividades atingidas. Esse ponto de vista permite retomar a idéia de planejamento estratégico como ação coletiva que busca caminhos para o comportamento humano e para as relações sociais através de estruturas capazes de assegurar a dignidade humana e a sustentabilidade social e natural (Baumgarten, 2006). As tecnologias sociais são a base em torno da qual é possível articular uma ampla rede de atores sociais. Ao mesmo tempo, a inovação social com base em tecnologias sociais precisa ser estruturada em modelos flexíveis, pois nem tudo que é viável em um lugar e para uma determinada situação o será para outra mesmo que semelhante. No conceito de tecnologia social a técnica é tomada como um instrumento de emancipação social e não como meio de dominação, forma de controle ou causa de exclusão social. Essa perspectiva é o ponto de partida para a busca de mediações entre as instâncias de produção do conhecimento científico e a sociedade. Mediações que viabilizem a geração de conhecimentos que possam ser apropriados e utilizados na busca da sustentabilidade social e econômica. Conhecimentos que gerem inovação social (Baumgarten, 2006).